“Vamos ampliar nossas vozes para legitimar o lugar central do audiovisual no Brasil, para que o Congresso brasileiro e a sociedade entendam a urgência da pauta regulatória das plataformas de conteúdo digital, das plataformas de streaming. Não dá mais para adiar essa conquista”, disse, puxando aplausos dos presentes.
Diante da complexidade do modelo de negócios e da disseminação de informações falsas nas redes sociais, a regulação das big techs, como são chamadas as empresas responsáveis pelas plataformas digitais, tem sido uma pauta defendida por diversos profissionais e pesquisadores de comunicação. No audiovisual, esse debate vem avançando no momento em que diferentes filmes e séries vêm sendo cada vez mais produzidos para transmissão online.
Diversas plataformas passaram a investir em produções nacionais para exibição sob demanda via streaming, tecnologia que permite a transmissão de dados multimídia, como áudio e vídeo. O papel que essas empresas devem assumir no financiamento da infraestrutura do setor de audiovisual no país é uma das principais discussões.
“Acreditamos que um marco regulatório bem estruturado e adequado vai equilibrar interesses comerciais com responsabilidade e transparência, assegurar práticas justas e saudáveis e criar um ecossistema digital que beneficie todos”, acrescentou Raquel Hallak em seu discurso. Ela fez seu pronunciamento após uma performance artística que explorou a temática da sustentabilidade.
Ainda na abertura ocorreu o ato de assinatura do termo que oficializa a destinação de R$ 6 milhões do Fundo Especial do Ministério Público do Minas Gerais (Funemp) para o Projeto Cinema sem Fronteiras, que engloba os eventos organizados anualmente pela Universo Produção. Além da Mostra de Cinema de Tiradentes, ela responde também pelas mostras de Ouro Preto (CineOP) e de Belo Horizonte (CineBH). É a primeira vez que os eventos contarão com recursos provenientes do Funemp.
Hallak também defendeu o audiovisual como um setor estratégico para o desenvolvimento do país e observou que a economia criativa é a indústria que mais cresce no mundo. Ela destacou ainda a importância do evento. “A Mostra de Tiradentes é um ponto de convergência entre sonhos e realidade, entre o imaginário e o visceral, entre a soma de todos os tempos que faz do cinema brasileiro contemporâneo um retrato autêntico do país”.
Organizado pela Universo Produção desde 1998, a Mostra de Cinema de Tiradentes deu início à sua 28ª edição. Tradicionalmente realizado em janeiro, o evento inaugura o calendário audiovisual do país e dá o tom de muitas das discussões que irão se estender por outros festivais ao longo do ano. Ao longo da programação, que se estende até 1º de fevereiro, serão exibidos ao todo 140 filmes, sendo 43 longas, um média e 96 curtas-metragens. São títulos de 21 estados diferentes.
Homenagem
A cerimônia de abertura também marcou a entrega do troféu Barroco à homenageada desta edição, a atriz Bruna Linzmeyer. “Eu peço licença para pensar nesse palco. Eu já vi muita gente incrível subir aqui”, disse ela. A atriz afirmou que estava se sentindo como se estivesse em uma festa de aniversário e considerou que a homenagem lhe dá forças para continuar sua trajetória artística. Ela também refletiu sobre o seu ofício.
“Uma personagem é um trabalho de muita gente, mas acontece aqui em um corpo físico. Um trabalho de muita gente que atravessa o meu corpo”, avaliou. Nascida em Santa Catarina, Bruna Linzmeyer se mudou para São Paulo para estudar teatro aos 16 anos. Na televisão, acumula papéis marcantes em novelas como Gabriela (2012), Amor à Vida (2013) e Pantanal (2022).
A Mostra de Tiradentes incluiu na programação 10 filmes que fazem parte de sua carreira, entre eles os longas Baby (2024), Medusa (2021), O filme da Minha Vida (2017) e A Frente Fria que a Chuva Traz (2016) e os curtas Se Eu tô Aqui é por Mistério (2024) e Alfazema (2019).
São Paulo, (SP) 25/01/2025 – Atriz Bruna Linzmeyer na Mostra de Cinema de Tiradentes. Foto: Leo Lara/Universo Produção – Leo Lara/Universo Produção
Clique aqui e veja o post original.